quinta-feira, 29 de maio de 2008

BAILE PERFUMADO / O HOMEM DA MATA

O Comitê Aberto de Cinema da UFOP (ComCine), a Pró-Reitoria de Extensão da UFOP (ProEx), o Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC/UFOP) e o Cine-Teatro Vila Rica apresentam a mostra de filmes brasileiros do primeiro pacote da Programadora Brasil. As sessões são gratuitas, acontecendo todas as sextas-feiras, às 23 horas, no Cine-Teatro Vila Rica.


Nesta semana, dois filmes: um curta-metragem e, logo em seguida, um longa. Estes filmes, juntos, promovem uma mistura curiosa de gêneros quando incorporam ficção ao retrato documental. São eles:


O HOMEM DA MATA
De Antonio Luiz Carrilho
(PE, 2004, documentário, cor, 17 minutos)

Neste curta, José Borba da Silva, ator, canavieiro, cantor, pai-de-santo e artista da cultura popular, interpreta Jack, o vingador justiceiro, super-herói defensor dos trabalhadores da Zona da Mata do Nordeste brasileiro. Com Hermila Guedes, Lourival Batista, Nerisvaldo Alves, Simião Martiniano, Soraia Silva, Jones Melo, Jonathans Ferreira Lucena e José Borba da Silva.


BAILE PERFUMADO
De Paulo Caldas e Lírio Ferreira
(PE, 1997, ficção, cor, 93 minutos)

Um jovem libanês radicado no Nordeste, Benjamin Abrahão, sai em busca de recursos a fim de realizar seu grande sonho: capturar imagens do bando do cangaceiro Virgulino Ferreira, o famoso Lampião, quando este vivia em plena campanha no sertão nordestino. Com Duda Mamberti, Luís Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Chico Diaz, Jofre Soares e Cláudio Mamberti no elenco. Música de Fred 04, Chico Science, Lúcio Maia, Paulo Rafael e Sérgio Siba Veloso.


Data: Sexta-feira, 30 de maio
Local: Cine-Teatro Vila Rica
Hora: 23h00

ENTRADA FRANCA



OS INQUIETOS VÃO MUDAR O MUNDO
Por Glênio Nicola Povoas

Baile Perfumado propõe outros olhares sobre o mito de Virgulino Ferreira da Silva. Mas o personagem principal não é o cangaceiro, e sim Benjamim Abrahão, conhecido como o mascate que filmou Lampião. Baile Perfumado inicia com a morte do Padre Cícero Romão Baptista, aos 90 anos, em Juazeiro do Norte, Ceará, em 20 de julho de 1934. Na caatinga, enfrentamento entre o bando de Lampião e uma volante liberada pelo tenente Lindalvo Rosas. Em Fortaleza, Abrahão propõe a Adhemar Bezerra de Albuquerque, proprietário da ABA Film (iniciais de seu nome), a confecção de um filme sobre Lampião. Abrahão parte em busca de apoio junto aos coronéis que possam garantir segurança. O encontro acontece num dos esconderijos do bando. O líder aceita ser filmado (em alguns dias de maio de 1936). Abrahão retorna para mais filmagens e fotografias (de outubro de 1936 a início de janeiro de 1937). Fotos de Lampião são publicadas em O Cruzeiro, revista semanal de maior circulação nacional. Os governos não gostam. Em seguida, o filme é proibido (abril de 1937). Lampião, no topo de uma rocha, olha a caatinga.

O libanês Benjamim Abrahão conviveu com os dois maiores mitos do sertão nordestino. Foi secretário particular de Padre Cícero nos seus últimos dez anos de vida. Conheceu Virgulino acompanhado de seu bando, em março de 1926, quando vão a Juazeiro, solicitados pelo governo federal para lutar contra a Coluna Prestes. Na feliz análise dos próprios realizadores, a figura de Abrahão é a metáfora da "modernidade entrando no sertão".

Houve muita pesquisa e descobertas, e nem tudo está no filme. Encontros com o especialista Frederico Pernambucano de Mello, que entre outras preciosidades havia adquirido alguns pertences de Abrahão, como duas cadernetas com anotações em árabe e a câmera usada para as históricas filmagens. As informações sobre o filme de depois de exibição em Fortaleza, por decisão federal, de Lourival Fontes, diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda, negativos e cópias de Lampião, o Rei do Cangaço são apreendidos (abril de 1937) e depositados num porão. O material é descoberto em 1957 por Alexandre Wulfes e Alcebíades Ghiu que recuperam os 15 minutos conhecidos desde então. Essas imagens vem aparecendo ressignificadas em Memória do Cangaço (1965, Paulo Gil Soares) ou A Musa do Cangaço (1982, José Umberto Dias). Dias é responsável por um texto que é básico para Baile Perfumado, "Benjamim Abrahão, o mascote que filmou Lampião" incluindo no livro "Cangaço – O Nordeste no cinema brasileiro", organizado por Maria do Rosário Caetano (Brasília, Avathar, 2005).

Acompanha esta edição o curta O Homem da Mata. Na fronteira entre o documentário e a ficção, o filme faz um resgate de José Borba, ator, canavieiro, cantor, compositor, pai-de-santo, artista da cultura popular, que interprete Jack, o vingador justiceiro, protetor dos canavieiros. Filmado nas cidades de Aliança e Condado, na Zona da Mata pernambucana. É a segunda direção em cinema de Antônio Luís Carrilho; realizou antes o curta Sociobiologia (2000).



Fique ligado nos próximos filmes da mostra:

 
sex 06/06 - "Bebel, Garota Propaganda" (de Maurice Capovilla)

sex 20/06 – "O Prisioneiro da Grade de Ferro" (de Paulo Sacramento)

sex 27/06 – "Amarelo Manga" (de Cláudio Assis) e "A Canga" (de Marcus Vilar)

sex 04/07 – "Super Outro" (de Edgar Navarro)




O ComCine UFOP

Criado em 2004, o ComCine – Comitê Aberto de Cinema da Universidade Federal de Ouro Preto, é um grupo formado por pessoas de diversas áreas da universidade (alunos, professores e funcionários) e também da comunidade externa, reunidos todos por um sentimento comum de amor ao cinema. Seu principal objetivo é servir como fórum de discussão sobre o audiovisual, considerando a sua produção, circulação e recepção. Trabalha levando o melhor do cinema às pessoas, num processo de formação de público e olhar crítico. Em 2006, o Conselho Universitário (CUNI) aprovou seu regimento interno, reconhecendo-o como espaço privilegiado de discussão e deliberação sobre o audiovisual.

Entre suas atividades, destacamos a curadoria da área de Artes Visuais do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana – Fórum das Artes, além da elaboração de mostras regulares ao longo do ano, compostas por filmes temáticos e alternativos, em sessões gratuitas e, por vezes, itinerantes, nestas mesmas cidades. O principal evento atual é o "Cineclube ComCine", que acontece todas as sextas-feiras, às 23h, no Cine-Teatro Vila Rica, com entrada franca. E uma vez em cada período letivo da universidade, promove a "Conversando Cinema": a mostra de filmes comentados por professores, às 21h, no Cine-Teatro Vila Rica, com duração de uma semana e entrada gratuita.

As reuniões são abertas a todos os interessados, para, entre uma discussão e outra, planejar mostras, sugerir filmes para a programação do Cine-Teatro Vila Rica – o qual faz parte do patrimônio da UFOP, administrado pela FEOP – e criar novas idéias para estimular a comunidade a interessar-se por esta que é chamada a Sétima Arte.

As reuniões acontecem todas as quartas-feiras, às 18:00, no IFAC (Rua Coronel Alves, 55 - Centro - OP). Venha para o ComCine!




Participe da nossa comunidade do orkut!
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=18638277/



Sites parceiros ComCine:
http://www.ufop.br/
http://www.ouropreto.com.br/

quinta-feira, 15 de maio de 2008

AMORES / AMAR...

O Comitê Aberto de Cinema da UFOP (ComCine), a Pró-Reitoria de Extensão da UFOP (ProEx), o Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC/UFOP) e o Cine-Teatro Vila Rica apresentam a mostra de filmes brasileiros do primeiro pacote da Programadora Brasil. As sessões são gratuitas, acontecendo todas as sextas-feiras, às 23 horas, no Cine-Teatro Vila Rica.

Nesta semana, dois filmes: um curta-metragem e, logo em seguida, um longa. São eles:


AMAR...
De Carlos Gregório
(RJ, 1997, ficção, cor, 23 minutos)

Neste curta, Frederico ama Laura, que ama Joana, que ama Raimundo, que ama Lídia, e assim por diante... Um assunto que todos nós conhecemos, num diálogo evidente como o poema “Quadrilha” de Drummond. Com Maria Luisa Mendonça, Ingrid Guimarães, entre outros no elenco.


AMORES
De Domingos de Oliveira
(RJ, 1998, ficção, cor, 95 minutos)

Vieira é um escritor da TV Globo prestes a perder o emprego, enquanto enfrenta sua filha Cíntia, tentando controlar sua excessiva liberdade. Telma, maior amiga de Vieira, é casada com Pedro. Não quiseram ter filhos, mas agora, com Telma na casa dos trinta, estão querendo e não estão conseguindo, o que está pondo o casamento em perigo. Luiza, irmã de Telma, é uma atriz fracassada que ganha a vida contando piadas em bares. Apaixona-se loucamente pelo pintor Rafael, mas descobre que ele é bissexual. As histórias se entrelaçam e os problemas vão se complicando...

Amores é uma crônica dos costumes amorosos e conflitos familiares da classe média urbana nos anos 90, captada por uma câmera solta, comprometida com o retrato da instabilidade dos relacionamentos. Uma abordagem das mudanças comportamentais da época: o desejo de família num momento em que o meio tende a fragilizá-la, as vicissitudes e separações amorosas.


Data: Sexta-feira, 16 de maio
Local: Cine-Teatro Vila Rica
Hora: 23h00

ENTRADA FRANCA



UM CONVITE À REFLEXÃO SOBRE AS RELAÇÕES HUMANAS
Por Glênio Nicola Póvoas

Depois de duas décadas afastado da direção em cinema, Domingos Oliveira volta com Amores e imprime um retrato das relações afetivas do final do século XX. O roteiro é baseado na peça homônima escrita por ele, em colaboração com Priscilla Rozenbaum, e encenada no Teatro Planetário, bairro da Gávea, Rio de Janeiro, em 1996. Pelas duas montagens (peça e filme) os dois ganharam respectivamente o prêmio Shell de melhor autoria carioca de 1996 e o prêmio de melhor roteiro da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1999. Domingos vai repetir o feito com Separações, peça (2000) e filme (2002). Os roteiros destas peças estão publicados no livro “Domingos Oliveira – Melhor Teatro” (São Paulo, Global, 2004).

Tudo funciona em Amores. As qualidades são muitas. A escolha certa dos atores, as locações “reais”, o modo de filmar, uma câmera sempre muito próxima, íntima dos personagens. Há uma dinâmica de dizer o texto pelos atores pouco vista no cinema brasileiro, com naturalidade e expressividade. Domingos sabe o que quer e sabe como fazer.

São seis personagens na peça e no filme: Vieira (o próprio Domingos); sua filha Cíntia, de 23 anos (Maria Mariana, sua filha na vida real); as irmãs Telma e Luíza; Pedro, marido de Telma; e Rafael, paixão repentina de Luiza. A estrutura é a mesma, em três atos, sendo que no último os personagens dão longos depoimentos sobre o rumo de suas vidas, falam para a câmera, para nós espectadores, nos tornando cúmplices. Nesse ponto, Amores confirma sua vocação de quase-documentário sobre estas pessoas e seu ambiente. Vieira é um escritor em crise, renovando seu contrato de 17 anos com a TV Globo. Cíntia se envolve com Pedro, marido de Telma, melhor amiga de Vieira. Pedro e Telma vinham tentando ter um filho. Quem fica grávida é Cintia. Todos ficam chocados. Luíza é uma atriz que conta piadas em bares noturnos, apaixonada por um pintor bissexual soropositivo. Esse mosaico dá conta de muitas reflexões sobre as relações entre as pessoas; oferece um estágio da evolução do amadurecimento (ou não) dessas relações. Fala de um tempo de muitas liberdades, mas com personagens extremamente humanos simplesmente tentando... viver o mais dignamente possível. Tudo dá certo por que Domingos está falando de algo que conhece muito bem: a vida, a sua vida. Ele tem sido autobiográfico desde o seu primeiro filme Todas as Mulheres do Mundo (1966).

Acompanha esta edição o curta-metragem Amar..., estréia de Carlos Gregório na direção, depois de longa trajetória como ator em teatro, cinema e TV. Amar... é também um registro das relações amorosas do final do século, onde o telefone é peça fundamental de comunicação. Além da fala final adaptada do poema “Amar-amaro”, outro poema de Carlos Drummond de Andrade, “Quadrilha”, é referência direta na construção da narrativa.



Fique ligado nos próximos filmes da mostra:

sex 30/05 – "Baile Perfumado" (de Paulo Caldas e Lírio Ferreira) e "O Homem da Mata" (de Antonio Luiz Carrilho)

sex 06/06 - "Bebel, Garota Propaganda" (de Maurice Capovilla)

sex 20/06 – "O Prisioneiro da Grade de Ferro" (de Paulo Sacramento)

sex 27/06 – "Amarelo Manga" (de Cláudio Assis) e "A Canga" (de Marcus Vilar)

sex 04/07 – "Super Outro" (de Edgar Navarro)