quinta-feira, 15 de maio de 2008

AMORES / AMAR...

O Comitê Aberto de Cinema da UFOP (ComCine), a Pró-Reitoria de Extensão da UFOP (ProEx), o Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC/UFOP) e o Cine-Teatro Vila Rica apresentam a mostra de filmes brasileiros do primeiro pacote da Programadora Brasil. As sessões são gratuitas, acontecendo todas as sextas-feiras, às 23 horas, no Cine-Teatro Vila Rica.

Nesta semana, dois filmes: um curta-metragem e, logo em seguida, um longa. São eles:


AMAR...
De Carlos Gregório
(RJ, 1997, ficção, cor, 23 minutos)

Neste curta, Frederico ama Laura, que ama Joana, que ama Raimundo, que ama Lídia, e assim por diante... Um assunto que todos nós conhecemos, num diálogo evidente como o poema “Quadrilha” de Drummond. Com Maria Luisa Mendonça, Ingrid Guimarães, entre outros no elenco.


AMORES
De Domingos de Oliveira
(RJ, 1998, ficção, cor, 95 minutos)

Vieira é um escritor da TV Globo prestes a perder o emprego, enquanto enfrenta sua filha Cíntia, tentando controlar sua excessiva liberdade. Telma, maior amiga de Vieira, é casada com Pedro. Não quiseram ter filhos, mas agora, com Telma na casa dos trinta, estão querendo e não estão conseguindo, o que está pondo o casamento em perigo. Luiza, irmã de Telma, é uma atriz fracassada que ganha a vida contando piadas em bares. Apaixona-se loucamente pelo pintor Rafael, mas descobre que ele é bissexual. As histórias se entrelaçam e os problemas vão se complicando...

Amores é uma crônica dos costumes amorosos e conflitos familiares da classe média urbana nos anos 90, captada por uma câmera solta, comprometida com o retrato da instabilidade dos relacionamentos. Uma abordagem das mudanças comportamentais da época: o desejo de família num momento em que o meio tende a fragilizá-la, as vicissitudes e separações amorosas.


Data: Sexta-feira, 16 de maio
Local: Cine-Teatro Vila Rica
Hora: 23h00

ENTRADA FRANCA



UM CONVITE À REFLEXÃO SOBRE AS RELAÇÕES HUMANAS
Por Glênio Nicola Póvoas

Depois de duas décadas afastado da direção em cinema, Domingos Oliveira volta com Amores e imprime um retrato das relações afetivas do final do século XX. O roteiro é baseado na peça homônima escrita por ele, em colaboração com Priscilla Rozenbaum, e encenada no Teatro Planetário, bairro da Gávea, Rio de Janeiro, em 1996. Pelas duas montagens (peça e filme) os dois ganharam respectivamente o prêmio Shell de melhor autoria carioca de 1996 e o prêmio de melhor roteiro da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1999. Domingos vai repetir o feito com Separações, peça (2000) e filme (2002). Os roteiros destas peças estão publicados no livro “Domingos Oliveira – Melhor Teatro” (São Paulo, Global, 2004).

Tudo funciona em Amores. As qualidades são muitas. A escolha certa dos atores, as locações “reais”, o modo de filmar, uma câmera sempre muito próxima, íntima dos personagens. Há uma dinâmica de dizer o texto pelos atores pouco vista no cinema brasileiro, com naturalidade e expressividade. Domingos sabe o que quer e sabe como fazer.

São seis personagens na peça e no filme: Vieira (o próprio Domingos); sua filha Cíntia, de 23 anos (Maria Mariana, sua filha na vida real); as irmãs Telma e Luíza; Pedro, marido de Telma; e Rafael, paixão repentina de Luiza. A estrutura é a mesma, em três atos, sendo que no último os personagens dão longos depoimentos sobre o rumo de suas vidas, falam para a câmera, para nós espectadores, nos tornando cúmplices. Nesse ponto, Amores confirma sua vocação de quase-documentário sobre estas pessoas e seu ambiente. Vieira é um escritor em crise, renovando seu contrato de 17 anos com a TV Globo. Cíntia se envolve com Pedro, marido de Telma, melhor amiga de Vieira. Pedro e Telma vinham tentando ter um filho. Quem fica grávida é Cintia. Todos ficam chocados. Luíza é uma atriz que conta piadas em bares noturnos, apaixonada por um pintor bissexual soropositivo. Esse mosaico dá conta de muitas reflexões sobre as relações entre as pessoas; oferece um estágio da evolução do amadurecimento (ou não) dessas relações. Fala de um tempo de muitas liberdades, mas com personagens extremamente humanos simplesmente tentando... viver o mais dignamente possível. Tudo dá certo por que Domingos está falando de algo que conhece muito bem: a vida, a sua vida. Ele tem sido autobiográfico desde o seu primeiro filme Todas as Mulheres do Mundo (1966).

Acompanha esta edição o curta-metragem Amar..., estréia de Carlos Gregório na direção, depois de longa trajetória como ator em teatro, cinema e TV. Amar... é também um registro das relações amorosas do final do século, onde o telefone é peça fundamental de comunicação. Além da fala final adaptada do poema “Amar-amaro”, outro poema de Carlos Drummond de Andrade, “Quadrilha”, é referência direta na construção da narrativa.



Fique ligado nos próximos filmes da mostra:

sex 30/05 – "Baile Perfumado" (de Paulo Caldas e Lírio Ferreira) e "O Homem da Mata" (de Antonio Luiz Carrilho)

sex 06/06 - "Bebel, Garota Propaganda" (de Maurice Capovilla)

sex 20/06 – "O Prisioneiro da Grade de Ferro" (de Paulo Sacramento)

sex 27/06 – "Amarelo Manga" (de Cláudio Assis) e "A Canga" (de Marcus Vilar)

sex 04/07 – "Super Outro" (de Edgar Navarro)

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