terça-feira, 29 de abril de 2008

ESTORVO / ACOSSADA / 4 meses, 3 semanas, 2 dias

O Comitê Aberto de Cinema da UFOP (ComCine), a Pró-Reitoria de Extensão da UFOP (ProEx), o Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC/UFOP) e o Cine-Teatro Vila Rica apresentam a mostra de filmes brasileiros do primeiro pacote da Programadora Brasil. As sessões são gratuitas, acontecendo todas as sextas-feiras, às 23 horas, no Cine-Teatro Vila Rica.


Nesta semana, dois filmes. O primeiro, um curta-metragem. Logo em seguida, o longa. Esta dupla de filmes nos permite entender de maneira crítica um momento particular da história do cinema nacional. São eles:

.



ACOSSADA
De Karen Black e Karen Akerman
(RJ, 2005, ficção, p&b, 7 minutos.)


Este curta ironiza o batizado "cinema da retomada" nacional, gerado na década de 90, por meio de uma releitura de "Acossado", clássico de Jean-Luc Godard. Isto através da história de uma francesinha perdida no Rio de Janeiro que depara-se com mafiosos do cinema brasileiro. Quem poderá salvá-la?

.



ESTORVO
De Ruy Guerra
(RJ / Havana, 1998, ficção, cor, 95 minutos.)


Adaptação do livro homônimo de Chico Buarque, o filme assinala uma ruptura com a linguagem hegemônica do cinema brasileiro dos anos 90. Por meio de uma estrutura circular, subjetiva, pautada pela dissolução do espaço e do tempo, reproduz o pesadelo existencialista de um personagem anônimo que vaga por uma grande cidade de hoje. Depois de uma noite mal dormida, o protagonista acorda com a campainha da porta tocando insistentemente. Pelo olho mágico, vê um desconhecido de terno e gravata, barba e cabelos longos, que lhe lembra alguém que não consegue identificar. Não sabe por que aquele homem está ali nem o que pode querer, mas tem uma certeza imediata: ele representa uma ameaça para sua vida. E assim se inicia uma alucinante perseguição através da cidade. Trilha sonora assinada por Egberto Gismonti.



Data: Sexta-feira, 25 de abril
Local: Cine-Teatro Vila Rica
Hora: 23h00


ENTRADA FRANCA



A PROVOCAÇÃO NA ORDEM DO DIA
Fernando Veríssimo


"Um filme do Cinema Novo na era do videoclipe": assim o diretor de fotografia Marcelo Durst definiu, à época de seu lançamento, o estilo de Estorvo, adaptação do romance homônimo de Chico Buarque pelo lendário Ruy Guerra.


O próprio realizador insistia, em mais de uma entrevista, que seu filme não se distanciava das propostas originadas do movimento (de que foi um dos fundadores e representantes mais talentosos e inovadores), situando a experiência de Estorvo num contexto dominado pelo mal-estar e repulsa generalizados diante de projetos mais arriscados, e pela subserviência a uma proposta de cinema de fácil assimilação, que buscava a todo custo a benção do mercado.


Nada mais coerente no cinema de Guerra, que conta com uma longa carreira que pode ser qualificada, na falta de melhor definição, por uma postura de desafio. Foi assim desde o início, quando as platéias se viram chocadas diante de sua própria crueldade, ao testemunharem a corpo da musa Norma Bengell exposto ao estupro de uma câmera estática em Os Cafajestes (1962) – um dos marcos do cinema brasileiro, que nos apresentava a um novo e impressionante modo de filmar.


Ali se revelava, pela primeira vez, um improvável (porém sólido) ponto de contato entre uma das mais frutíferas e cosmopolitas correntes do cinema moderno – a Nouvelle Vague francesa – e uma das mais radicais interpretações da realidade nacional no século XX – cristalizada no conjunto da obra do Cinema Novo. Quase quarenta anos depois, Estorvo surge, necessário, para reinstituir a provocação na ordem do dia, dominada pela falsa ordem das imagens publicitárias, limpas, estéreis, ou artificialmente sujas.


Pois é no território do delírio, do caos, que se instala essa experiência brutal de perda de referência − uma experiência de devaneio e de territorialidade, uma afirmação brusca e agressiva, de ranger de dentes contra as coisas sãs e apagadas. O império do excesso e da exceção, ao mesmo tempo turvo e cristalino − dizia-se de Kafka que seu problema fosse talvez o de excesso de clareza.


Testemunho e homenagem a essa postura desafiadora, o curta-metragem Acossada (Karen Akerman e Karen Black), que completa o programa, refaz a seu modo particular (no referencial que sintetiza e incorpora Sganzeria e Godard) este percurso que tem na origem e no fim a figura ímpar de Ruy Guerra.




Fique ligado nos próximos filmes da mostra:


sex 09/05 – "Terra Estrangeira" (de Walter Salles e Daniela Thomas)


sex 16/05 – "Amores" (de Domingos de Oliveira) e "Amar..." (de Carlos Gregório)


sex 23/05 – "Baile Perfumado" (de Paulo Caldas e Lírio Ferreira) e "O Homem da Mata" (de Antonio Luiz Carrilho)


sex 06/06 - "Bebel, Garota Propaganda" (de Maurice Capovilla)


sex 20/06 – "O Prisioneiro da Grade de Ferro" (de Paulo Sacramento)


sex 27/06 – "Amarelo Manga" (de Cláudio Assis) e "A Canga" (de Marcus Vilar)


sex 04/07 – "Super Outro" (de Edgar Navarro)










EM CARTAZ...

 

Nesta sexta, também no Cine-Teatro Vila Rica, entra em cartaz em sua programação comercial, o filme "4 MESES, 3 SEMANAS, 2 DIAS", numa iniciativa conjunta com o ComCine, que visa a utilização acadêmica do Cine-Teatro de forma mais intensiva, através de um processo de formação de público de forma continuada. A idéia é garantir à programação do nosso cinema um ganho em termos de diversidade e qualidade dos filmes que são apresentados, sem comprometer a sustentabilidade econômica deste importante órgão.


O filme fica em cartaz de sexta a quinta (25 a 30 de abril), às 21 horas. A direção é de Cristian Mungiu. Confira a sinopse:


Em 1987, nos últimos dias do comunismo, Otilia (Anamaria Marinca) e Gabita (Laura Vasiliu) dividem um quarto num dormitório estudantil. Elas são colegas de classe na universidade de uma pequena cidade romena. Gabita está grávida e o aborto é ilegal no país. Otilia aluga um quarto num hotel barato. Lá elas recebem um certo Sr. Bebe (Vlad Ivanov), chamado para resolver a questão. Mas, ao saber que Gabita está com a gravidez mais adiantada do que havia informado, Sr. Bebe aumenta as exigências para o serviço e cobrando um preço que as duas não estão preparadas para pagar.



Programação completa do Cine-Teatro Vila Rica:


4 MESES, 3 SEMANAS, 2 DIASDe Cristian Mungiu (4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile)
Romênia, 2007, ficção, cor, 113 min
Sexta a quinta – 21:00


RAMBO 4
Sexta a Quinta – 19:00


HORTON E O MUNDO DOS QUEM
Sexta a Quinta 17:30 / Sábado e Domingo 16:00 e 17:30 / Matinal Domingo 10:00



O Cine-Teatro Vila Rica fica na Praça Reinaldo Alves de Brito, 47, Centro, em Ouro Preto. Os ingressos custam R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia-entrada) nas sextas, sábados, domingos e feriados; R$7,00 (inteira) e R$3,50 (meia-entrada) nas segundas, terças e quintas; R$3,00 nas quartas-feiras; e R$4,00 nas matinês de domingo.

Contato: 3552-3803 - cinema@ouropreto.com.br





O ComCine UFOP


Criado em 2004, o ComCine – Comitê Aberto de Cinema da Universidade Federal de Ouro Preto, é um grupo formado por pessoas de diversas áreas da universidade (alunos, professores e funcionários) e também da comunidade externa, reunidos todos por um sentimento comum de amor ao cinema. Seu principal objetivo é servir como fórum de discussão sobre o audiovisual, considerando a sua produção, circulação e recepção. Trabalha levando o melhor do cinema às pessoas, num processo de formação de público e olhar crítico. Em 2006, o Conselho Universitário (CUNI) aprovou seu regimento interno, reconhecendo-o como espaço privilegiado de discussão e deliberação sobre o audiovisual.



Entre suas atividades, destacamos a curadoria da área de Artes Visuais do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana – Fórum das Artes, além da elaboração de mostras regulares ao longo do ano, compostas por filmes temáticos e alternativos, em sessões gratuitas e, por vezes, itinerantes, nestas mesmas cidades. O principal evento atual é o "Cineclube ComCine", que acontece todas as sextas-feiras, às 23h, no Cine-Teatro Vila Rica, com entrada franca. E uma vez em cada período letivo da universidade, promove a "Conversando Cinema": a mostra de filmes comentados por professores, às 21h, no Cine-Teatro Vila Rica, com duração de uma semana.


As reuniões são abertas a todos os interessados, para, entre uma discussão e outra, planejar mostras, sugerir filmes para a programação do Cine-Teatro Vila Rica – o qual faz parte do patrimônio da UFOP, administrado pela FEOP – e criar novas idéias para estimular a comunidade a interessar-se por esta que é chamada a Sétima Arte.


As reuniões acontecem todas as quartas-feiras, às 18:00, no IFAC (Rua Coronel Alves, 55 - Centro - OP). Venha para o ComCine

sábado, 5 de abril de 2008

CONVERSANDO CINEMA II

Clique no cartaz para vê-lo ampliado
O Comitê Aberto de Cinema da UFOP (ComCine), a Pró-Reitoria de Extensão da UFOP (ProEx), o Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC/UFOP), e o Cine-Teatro Vila Rica, apresentam:


CONVERSANDO CINEMA II
A mostra de cinema com grandes filmes, comentados por professores da universidade, chega agora em sua segunda edição!

De 11 a 17 de abril (sexta a quinta), sempre às 21 horas, no Cine-Teatro Vila Rica, com ENTRADA GRATUITA!



Confira a programação:

SEXTA, 11: OS QUATRO BATUTAS
De Norman Z. McLeod, com os Irmãos Marx, comentado por Imaculada Kangussu, do departamento de Filosofia

“Monkey Business”, EUA, 1931, Ficção, PxB, 78 minutos.

Sinopse: Os Irmãos Marx embarcam clandestinamente num luxuoso transatlântico e as confusões começam quando eles são descobertos pelo comandante. Enquanto tentam fugir das autoridades, os irmãos tornam-se guarda-costas de criminosos de gangues rivais, o que resulta numa das comédias mais hilariantes de todos os tempos. A comicidade dos Marx é pura, em um dos melhores filmes da equipe.


SÁBADO, 12: A CORPORAÇÃO

De Mark Achbar e Jennifer Abbott, comentado por Rodrigo Martoni, do departamento de Turismo

“The Corporation”, Canadá, 2002, Documentário, Cor, 145 minutos.

Sinopse: A partir da polêmica decisão da Suprema Corte de Justiça americana concluindo que uma corporação, aos olhos da lei, é uma "pessoa", são analisados os poderes das grandes corporações no mundo atual. A exploração da mão-de-obra barata no Terceiro Mundo e a devastação do meio ambiente são alguns dos fatos explorados, que entrevistam presidentes de corporações como a Nike, Shell e IBM, além de Noam Chomsky, Milton Friedman e Michael Moore. O documentário consegue sumarizar a história corporativa, dissecando o seu significado inicial até o monstro fora de controle de hoje em dia. O filme provoca, revolta, assusta e motiva.
DOMINGO, 13: O SHOW DE TRUMAN
De Peter Weir, comentado por Desidério Murcho, do departamento de Filosofia

“The Truman Show”, EUA, 1998, Ficção, Cor, 103 minutos.

Sinopse: Neste filme, o vendedor de seguros Truman Burbank vive em Seaheaven, um paraíso terrestre onde todos parecem conviver em perfeita harmonia. Mas, seu casamento não anda muito bem e, além disso, ele sente-se constantemente vigiado. Decidido a investigar se realmente o estão espionando, Truman começa a perceber uma série de situações estranhas, que aguçam ainda mais suas dúvidas e levam-no a uma incrível descoberta. Com Jim Carrey e Ed Harris no elenco. Ganhou 3 Globos de Ouro e recebeu 3 indicações ao Oscar.


SEGUNDA, 14: VINÍCIUS
De Miguel Faria Júnior, comentado por Yara Mattos, do departamento de Turismo

“Vinícius”, Brasil, 2005, Documentário, Cor, 110 minutos.

Sinopse: A vida, a obra, a família, os amigos, os amores de Vinicius de Moraes, autor de mais de 400 poesias e cerca de 400 letras de músicas. A essência criativa do artista e filósofo do cotidiano e as transformações do Rio de Janeiro, através das raras imagens de arquivo, entrevistas e interpretações de muitos de seus clássicos. Com participação de Olívia Byington, Zeca Pagodinho, Adriana Calcanhoto, Mariana Moraes entre outros interpretam os grandes clássicos. Depoimentos de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Toquinho entre muitos outros.


 
TERÇA, 15: CRONICAMENTE INVIÁVEL
De Sérgio Bianchi, comentado por Douglas García, do departamento de Filosofia

“Cronicamente Inviável”, Brasil, 2000, Ficção, Cor, 101 minutos.

Sinopse: Revoltar-se com a realidade pode causar diversos males à sua saúde e nenhuma solidariedade. A destruição da dignidade social pode virar característica cultural. Faturar com a pobreza faz com que ela se torne desejável. Entre estas reflexões e outras, o filme mostra trechos das histórias de seis personagens, desmascarando a dificuldade de sobrevivência mental e física em meio ao caos da sociedade brasileira, que atinge a todos independentemente da posição social ou da postura assumida. Neste filme a realidade do Brasil é apresentada nua e crua. Com Cecil Thiré, Betty Gofman, Daniel Dantas, Dira Paes, Zezé Mota, Leonardo Vieira, entre outros.


QUARTA, 16: O PROCESSO
De Orson Welles, comentado por Clarissa Alcantara, do departamento de Artes Cênicas

“Le Procès”, Alemanha/França/Itália/Iugoslávia, 1962, Ficção, PxB, 118 minutos.

Sinopse: Joseph K. (Anthony Perkins) é um homem reservado, que vive na pensão da senhora Grubach (Madeleine Robinson) e se dá bem com todos os demais moradores do local. Um dia ele é acordado por um inspetor de polícia, que lhe informa que está preso mas não o leva sob custódia. Durante o processo, Joseph segue com suas atividades normais tendo apenas que ficar à disposição das autoridades a qualquer hora do dia. Incomodado por não saber do que está sendo acusado, ele decide investigar em busca de uma resposta. Num ambiente sombrio, com acontecimentos ilógicos, assustadores e claustrofóbicos, o filme prossegue num local metafísico e meta histórico. Uma adaptação fiel ao clássico da literatura, “O Processo”, de Franz Kafka, rico em diálogos e com filmagens soberbamente executadas.


QUINTA, 17: O GABINETE DO DR. CALIGARI
De Robert Wiene, comentado por Ísis Pimentel, do departamento de História

“Das Kabinett des Dr. Caligari”, Alemanha, 1919, Ficção, PxB, 71 minutos.

Sinopse: Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari, chega acompanhado do sonâmbulo Cesare que, supostamente, estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre, o Dr. Caligari. Um filme clássico, realizado no tempo em que o cinema ainda não falava, mas as belíssimas imagens valem mais que mil palavras. Entrou para a história do cinema por ser o mais famoso filme sobre psiquiatria, projetando na tela, como num delírio, toda a ambivalência da alma humana. A obra-prima do expressionismo alemão.


Todos os filmes começam às 21 horas, e o comentário logo que o filme acaba. Tudo no Cine-Teatro Vila Rica, com ENTRADA FRANCA.

Não deixe de participar!

 

Participe da nossa comunidade do orkut!
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=18638277/


 
Para receber nossa programação semanal, envie um e-mail para comcine@ufop.br.