O Comitê de Cinema da UFOP (ComCine), a Pró-Reitoria de Extensão da UFOP (ProEx), o Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC/UFOP) e o Cine-Teatro Vila Rica apresentam a programação do Cineclube ComCine deste segundo semestre de 2008. Todas as sessões são gratuitas, com filmes da Programadora Brasil – Central de Acesso ao Cinema Brasileiro.
No mês de outubro, o Cineclube ComCine exibe em cada sexta-feira um curta-metragem, seguido de um longa.
Nesta semana:
O diretor Jorge Alfredo usa como pano de fundo a trajetória de Clementino Rodrigues, o popular sambista baiano Riachão, de 80 anos de idade, para contar a importância do samba para o povo brasileiro. O filme apresenta também um panorama do samba na Bahia, onde Riachão viveu mais de seis décadas influenciando gente como Caetano Veloso e Tom Zé. Samba Riachão venceu o prêmio de melhor filme no 34° Festival de Brasília na escolha do público e júri. Na mesma roda de samba de Riachão está Germano Mathias no documentário “O Catedrático do Samba”, um valioso registro sobre a vida do cantor e compositor paulista. Ao longo do filme, ele vai lembrando o início de tudo, com os engraxates na Praça da Sé.
:: O CATEDRÁTICO DO SAMBA
De Alessandro Gamo e Noel Carvalho
(SP, 1999, doc, cor, 23 minutos)
[CURTA] Perfil do cantor e compositor paulistano Germano Mathias, traçado em estilo solto e malandro como o do sambista.
:: SAMBA RIACHÃO
De Jorge Alfredo
(BA, 2001, doc, cor, 86 minutos)
[LONGA] Aos 80 anos de idade, Riachão é o cronista musical da cidade de Salvador, tendo vivenciado todas as transformações pelas quais passou a música popular brasileira e os meios de comunicação no decorrer do século XX. É através das histórias deste cronista que o filme apresenta um relato histórico da MPB. Com depoimentos de Dorival Caymmi, Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Armandinho, Carlinhos Brown, Bule Bule, Daniela Mercury, Tuzé de Abreu, Dona Edith do Prato, Chula de São Brás, Gerônimo, Clarindo Silva, Cid Teixeira, Antonio Risério. Premiações: Festival de Brasília (Melhor Filme – um pelo júri oficial e outro pelo júri popular – e Melhor Montagem), Festival É Tudo Verdade 2002 (Prêmio Tv Cultura de Documentário).
Data: Sexta, 10 de outubro
Local: Cine-Teatro Vila Rica
Hora: 23:00
ENTRADA FRANCA
SAMBA, RIACHÃO!
Por Marcos Pierry
Para uns, Clementino Rodrigues é um compositor pueril. Para outros, um moleque solto na vida. E há quem ache os seus sambas uma coisa mordente. Vão direto na veia. Clementino é o octagenário sambista baiano Riachão, em nome de quem o cineasta Jorge Alfredo concebeu o documentário Samba Riachão. O filme se propõe, na verdade, a um exercício investigativo sobre o artista e ao mesmo tempo sobre o gênero musical que este animado bamba de Salvador pratica há mais de cinqüenta anos.
Dezenas de convidados participam do longa-metragem, falando sobre Riachão, cantando e dançando as suas músicas, especulando sobre as origens do samba e a eventual proeminência de diferentes estados brasileiros na criação deste universo rítmico capaz de ancorar uma expressiva parcela da cultura nacional.
Mas o que enche mesmo a tela é a imagem de Riachão. E olha que, ao longo de oitenta minutos, passam pelo écran performers de peso dos mais variados naipes - os tropicalistas Tom Zé, Caetano Veloso e Gilberto Gil, o virtuose Armandinho, a dançarina Roseane Pinheiro, Dorival Caymmi, entre muitos outros. Não importa, é Riachão, pequeno, franzino, quem comanda o show. E para ele, tudo termina em samba. O tempo inteiro a saracotear o corpo, fagueiro no movimento de pés e mãos. O tempo inteiro a sorrir, mesmo quando chora ou denuncia a negligência de sua Bahia com o gênero que, pelo menos até hoje, melhor expressa a musicalidade local.
Sua estampa – óculos escuros, correntes/colares e anéis grossos, o bigode mínimo chapliniano e a indefectível toalha no pescoço – é um prato cheio aos olhares ávidos por encontrar uma figura cult, para usar o termo caro na releitura contemporânea, em qualquer artista popular genuíno. A autenticidade, e o domínio de cena, do cantor e compositor acaba pondo à prova a necessidade de uma lista tão longa de entrevistados em Samba Riachão.
Uma montagem mais afiada tornaria o filme de Jorge Alfredo mais conciso, ainda mais ao levar-se em conta o desafio da aparente duplicidade temática – um sambista e/ou o samba. Assim, ficam fora de contexto imagens até representativas, como o plano que mostra a subida do bloco afro Ilê Aiyê durante o carnaval de Salvador, ou depoimentos poéticos, a exemplo da hipótese de Carlinhos Brown para o nascimento do samba (“nasceu na vontade de chegar aqui, precisou de porto”). Nada, porém, que derrube a peteca. Alfredo, além de documentarista, é músico. E sua jam session de samba e cinema está bem acima da média.
Completa o programa o curta-metragem O Catedrático do Samba, de Alessandro Gamo e Noel Carvalho, sobre o cantor e compositor paulistano Germano Matias. O filme traz histórias saborosas contadas pelo próprio sambista, único entrevistado da película, com destaque para o itinerário das gafieiras freqüentadas por Germano, nascido em 1934, a descoberta das latinhas de engraxate como instrumento musical e a nostalgia do músico ao lembrar do centro antigo de São Paulo. Os realizadores marcam um tento ao valorizar as tomadas externas com a presença orgânica do Germano, intérprete que mais de uma vez soube esquecer as diferenças bairristas ao gravar composições de calibre de sambistas cariocas.
Próximos filmes do Cineclube ComCine – curtas & longas:
sex 17/10 – O Último Raio de Sol / O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas
sex 24/10 – O Sanduíche / Por Trás do Pano
sex 31/10 – Rua do Amendoim / Amor & Cia
No mês de outubro, o Cineclube ComCine exibe em cada sexta-feira um curta-metragem, seguido de um longa.
Nesta semana:
O diretor Jorge Alfredo usa como pano de fundo a trajetória de Clementino Rodrigues, o popular sambista baiano Riachão, de 80 anos de idade, para contar a importância do samba para o povo brasileiro. O filme apresenta também um panorama do samba na Bahia, onde Riachão viveu mais de seis décadas influenciando gente como Caetano Veloso e Tom Zé. Samba Riachão venceu o prêmio de melhor filme no 34° Festival de Brasília na escolha do público e júri. Na mesma roda de samba de Riachão está Germano Mathias no documentário “O Catedrático do Samba”, um valioso registro sobre a vida do cantor e compositor paulista. Ao longo do filme, ele vai lembrando o início de tudo, com os engraxates na Praça da Sé.
:: O CATEDRÁTICO DO SAMBA
De Alessandro Gamo e Noel Carvalho
(SP, 1999, doc, cor, 23 minutos)
[CURTA] Perfil do cantor e compositor paulistano Germano Mathias, traçado em estilo solto e malandro como o do sambista.
:: SAMBA RIACHÃO
De Jorge Alfredo
(BA, 2001, doc, cor, 86 minutos)
[LONGA] Aos 80 anos de idade, Riachão é o cronista musical da cidade de Salvador, tendo vivenciado todas as transformações pelas quais passou a música popular brasileira e os meios de comunicação no decorrer do século XX. É através das histórias deste cronista que o filme apresenta um relato histórico da MPB. Com depoimentos de Dorival Caymmi, Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Armandinho, Carlinhos Brown, Bule Bule, Daniela Mercury, Tuzé de Abreu, Dona Edith do Prato, Chula de São Brás, Gerônimo, Clarindo Silva, Cid Teixeira, Antonio Risério. Premiações: Festival de Brasília (Melhor Filme – um pelo júri oficial e outro pelo júri popular – e Melhor Montagem), Festival É Tudo Verdade 2002 (Prêmio Tv Cultura de Documentário).
Data: Sexta, 10 de outubro
Local: Cine-Teatro Vila Rica
Hora: 23:00
ENTRADA FRANCA
SAMBA, RIACHÃO!
Por Marcos Pierry
Para uns, Clementino Rodrigues é um compositor pueril. Para outros, um moleque solto na vida. E há quem ache os seus sambas uma coisa mordente. Vão direto na veia. Clementino é o octagenário sambista baiano Riachão, em nome de quem o cineasta Jorge Alfredo concebeu o documentário Samba Riachão. O filme se propõe, na verdade, a um exercício investigativo sobre o artista e ao mesmo tempo sobre o gênero musical que este animado bamba de Salvador pratica há mais de cinqüenta anos.
Dezenas de convidados participam do longa-metragem, falando sobre Riachão, cantando e dançando as suas músicas, especulando sobre as origens do samba e a eventual proeminência de diferentes estados brasileiros na criação deste universo rítmico capaz de ancorar uma expressiva parcela da cultura nacional.
Mas o que enche mesmo a tela é a imagem de Riachão. E olha que, ao longo de oitenta minutos, passam pelo écran performers de peso dos mais variados naipes - os tropicalistas Tom Zé, Caetano Veloso e Gilberto Gil, o virtuose Armandinho, a dançarina Roseane Pinheiro, Dorival Caymmi, entre muitos outros. Não importa, é Riachão, pequeno, franzino, quem comanda o show. E para ele, tudo termina em samba. O tempo inteiro a saracotear o corpo, fagueiro no movimento de pés e mãos. O tempo inteiro a sorrir, mesmo quando chora ou denuncia a negligência de sua Bahia com o gênero que, pelo menos até hoje, melhor expressa a musicalidade local.
Sua estampa – óculos escuros, correntes/colares e anéis grossos, o bigode mínimo chapliniano e a indefectível toalha no pescoço – é um prato cheio aos olhares ávidos por encontrar uma figura cult, para usar o termo caro na releitura contemporânea, em qualquer artista popular genuíno. A autenticidade, e o domínio de cena, do cantor e compositor acaba pondo à prova a necessidade de uma lista tão longa de entrevistados em Samba Riachão.
Uma montagem mais afiada tornaria o filme de Jorge Alfredo mais conciso, ainda mais ao levar-se em conta o desafio da aparente duplicidade temática – um sambista e/ou o samba. Assim, ficam fora de contexto imagens até representativas, como o plano que mostra a subida do bloco afro Ilê Aiyê durante o carnaval de Salvador, ou depoimentos poéticos, a exemplo da hipótese de Carlinhos Brown para o nascimento do samba (“nasceu na vontade de chegar aqui, precisou de porto”). Nada, porém, que derrube a peteca. Alfredo, além de documentarista, é músico. E sua jam session de samba e cinema está bem acima da média.
Completa o programa o curta-metragem O Catedrático do Samba, de Alessandro Gamo e Noel Carvalho, sobre o cantor e compositor paulistano Germano Matias. O filme traz histórias saborosas contadas pelo próprio sambista, único entrevistado da película, com destaque para o itinerário das gafieiras freqüentadas por Germano, nascido em 1934, a descoberta das latinhas de engraxate como instrumento musical e a nostalgia do músico ao lembrar do centro antigo de São Paulo. Os realizadores marcam um tento ao valorizar as tomadas externas com a presença orgânica do Germano, intérprete que mais de uma vez soube esquecer as diferenças bairristas ao gravar composições de calibre de sambistas cariocas.
Próximos filmes do Cineclube ComCine – curtas & longas:
sex 17/10 – O Último Raio de Sol / O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas
sex 24/10 – O Sanduíche / Por Trás do Pano
sex 31/10 – Rua do Amendoim / Amor & Cia
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